Uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima tem percorrido as paróquias da Ucrânia, a pedido dos bispos católicos da região. Tem sido ela recebida, em toda a parte, com o maior entusiasmo, carinho e devoção. Os bispos ucranianos também imploraram ao Santo Padre para renovar a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, nas condições pedidas por Nossa Senhora em Fátima. «Se atenderem os meus pedidos – disse Nossa Senhora aos pastorinhos –, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará os seus erros pelo mundo promovendo guerras e perseguições contra a Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!»
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Todos se lembrarão que os católicos foram particularmente perseguidos durante a vigência do regime comunista. No caso da União Soviética, as regiões mais visadas foram precisamente a Ucrânia e a Lituânia. Cerca de um milhão de lituanos (um terço da população daquele país) foi deportado para campos de trabalhos forçados na Sibéria. No Cazaquistão, na Prússia Oriental, na Finlândia, na Carélia, na Bielorrússia, na Geórgia, na Arménia… e também na Ucrânia foram praticados verdadeiros genocídios, com a eliminação física de milhões de pessoas e a «russificação» das remanescentes. O caso da Ucrânia foi particularmente severo, pois Stalin enviou o exército vermelho àquela região, entre 1932 e 33, com o intuito de roubar todos os alimentos disponíveis. Resultou daí uma catástrofe: cerca de 7 milhões de pessoas mortas pela fome: foi o denominado «Holodomor», declarado pelas maiores organizações internacionais como autêntico «genocídio». Tratando-se de uma região com uma percentagem elevadíssima de católicos, estes foram os mais perseguidos, vendo as suas igrejas queimadas, transformadas em espaços lúdicos, ou entregues à Igreja Ortodoxa. O cardeal católico e arcebispo de lviv, Josyf Slipyj, foi preso pela KGB, a 11 de Abril de 1945, quando os países ocidentais aceitaram, após Yalta, a anexação da Ucrânia Ocidental e das outras nações da Europa Central, pela União Soviética. Depois, o cardeal foi enviado para a Sibéria onde sofreu as maiores sevícias físicas durante 18 anos. Muitos outros padres e bispos católicos padeceram idêntica perseguição.
O rapto de crianças para serem submetidas a programas intensos de «russificação» e doutrinação comunista foi prática constante durante o regime soviético. Todos se lembrarão igualmente dos milhares de «Niños de Moscú», raptados em Espanha, durante a guerra civil espanhola, e levados para a Rússia, onde viveram toda a sua vida e acabaram muitos por morrer.
Como se sabe, o regime comunista destruiu de forma radical a instituição familiar, promovendo a liberalização total do divórcio, entre outras medidas. Na prática, introduziu o «amor livre». O resultado não se fez esperar, e a natalidade diminuiu drasticamente na Rússia. Hoje, a população russa - com uma assombrosa taxa de abortos - está em rápida e irreversível diminuição, facto que preocupa sobremaneira as autoridades. Precisamente por isso, e para facilitar a sempre procurada «russificação», o rapto de crianças continua a ser praticado pelas autoridades russas em diversas regiões: durante a invasão da Ucrânia, segundo fontes fidedignas, já foram raptadas mais de vinte mil crianças das zonas ocupadas, o que levou o Tribunal Penal Internacional a condenar Putin por mais esse «crime contra a humanidade».
Muitos países ocidentais, imersos em cómoda e cúmplice cegueira lúdica, fingem não ver nada disto.
Contudo, diversas organizações de inspiração católica têm multiplicado as iniciativas para apoiar os nossos irmãos na Fé que sofrem nos países do Leste. Uma dessas iniciativas, por certo muitíssimo meritória, deve-se a Luci sull’Est, de Itália, associação que integra a Federação pró Europa Cristã. Tal associação, entre diversas outras iniciativas, enviou para a Ucrânia centenas de milhares de medalhas de Nossa Senhora das Graças (a conhecidíssima Medalha Milagrosa), além de outras com a imagem de São Miguel Arcanjo, padroeiro da Ucrânia. Tais medalhas, calorosamente acolhidas pelo povo ucraniano, durante a peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima, foram sobretudo apreciadas pelos soldados que combatem na frente de guerra. Muitos desses soldados coseram tais medalhas nos coletes dos seus uniformes, pedindo à Mãe de Deus e ao Arcanjo são Miguel, padroeiro daquela nação, para os protegerem nos duríssimos combates que enfrentam.
Grupo de católicos ucranianos recebe a Imagem Peregrina
Medalha Milagrosa colocada num colete de soldado ucraniano.
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Lviv, Eduard Kava, e outros eclesiásticos ucranianos com a Imagem Peregrina ao fundo.