Pelo menos 72 cristãos foram assassinados no Congo pelas «Forças Democráticas Aliadas – ADF», grupo terrorista ligado ao Estado Islâmico. O massacre ocorreu na pequena localidade de Nyoto, no passado dia 8 de Setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora…
O terror jihadista voltou a deixar a sua marca sanguinária na República Democrática do Congo. No passado dia 8 de Setembro, festa da Natividade de Nossa Senhora, a pequena localidade de Nyoto, na província oriental de Kivu do Norte, foi cenário de uma das chacinas mais brutais dos últimos anos.
Segundo testemunharam alguns dos poucos sobrevivientes, um grupo de aproximadamente quarenta guerrilheiros das «Forças Democráticas Aliadas (ADF)», armados com catanas e espingardas automáticas, irrompeu pela aldeia às 21h00, semeando terror e sangue. É provável que o número de vítimas tenha ultrapassado as 72, pois houve muitos feridos e mutilados em estado grave que talvez não tenham sobrevivido.
Na execução do terror, as lâminas e os incêndios são mais eficazes do que apenas as balas
Assim que invadiram a aldeia, os terroristas começaram logo a incendiar casas e veículos. Em seguida dirigiram-se a uma casa onde já sabiam que havia um grupo de cristãos reunidos para uma vigília fúnebre.
Ali executaram uma carnificina indiscriminada, assassinando famílias inteiras, incluindo mulheres e crianças. Aos terroristas nunca faltam boas armas de fogo, mas nestas acções eles preferem usar arma branca, pois esta desmembra os corpos e causa muito mais derramamento de sangue. É uma táctica bem mais eficaz para marcar o terror e deixar longa e pavorosa memória.
Neste hediondo massacre, com efeito, a maioria dos corpos encontrados apresentava mutilações feitas pelas lâminas das catanas. É o mesmo padrão de selvajaria e brutalidade que se viu nos ataques terroristas de 1961, na nossa Província Ultramarina de Angola, mas que o 25 de Abril e a «democracia» rapidamente se encarregaram de apagar e substituir por uma versão em que os «maus da fita» foram os portugueses brancos, «colonialistas» e «opressores».
O Estado Islâmico não tardou em reivindicar este massacre que as forças da ordem não puderam evitar, pois não conseguem estar simultâneamente em toda a parte, principalmente num país enorme como o Congo, onde a floresta equatorial constitui refúgio seguro para esses bandos de assassinos.
Origem das ADF
As ADF foram criadas no Uganda em 1995 sob a liderança do muçulmano Jamil Mukulu, com o objectivo de derrubar o governo. No entanto, faz mais de 20 anos que transferiram a sua base operacional para o Congo, tirando partido de fragilidades políticas e das enormes riquezas provenientes dos recursos naturais desse país. Também com boas condições para se esconderem e movimentarem, começaram ali a desencadear as suas mais devastadoras acções de terror, com ataques de supresa às aldeias, às missões católicas, às igrejas, mercados e postos militares.
Em 2016 juraram fidelidad ao Estado Islâmico e em 2019 juntaram-se ao ISCAP que é a divisão do Estado Islâmico para a África Central e à qual também pertence o grupo Ansar al-Sunna, responsável pelas acções de terror na nossa antiga Província Ultramarina de Moçambique. Esta integração tem possibilitado às ADF um acesso mais amplo a redes de financiamento, propaganda e treino.
Campanha de massacres
O massacre de Nyoto foi noticiado a 12 de Setembro pelo Forum Libertas, em matéria redigida por María Martín. Mas esta jornalista refere também outros ataques do mesmo grupo terrorista. Logo no dia seguinte foram assassinados 18 católicos em Beni. E poucas semanas antes, foi uma igreja católica em Komanda, na vizinha província de Ituri, igualmente durante uma vigília de oração. Os terroristas assassinaram 43 pessoas, incluindo nove crianças. Em Fevereiro foi o sequestro de 70 pessoas em Kasanga (Kivu do Norte). Após alguns dias de cativeiro, todas foram mortas a golpes de catana e martelo, para causar mais sangue, dor e pavor.
«Isto é Congo ou quê?!»
Em Angola, nos bons e velhos tempos em que era nossa Província Ultramarina, havia uma expressão que se usava para reclamar de alguma desordem, confusão ou trapalhada: «Isto é Congo ou quê?!». Neste contexto, «Congo» era sinónimo de caos porque ainda prevaleciam na memória dos portugueses de Angola (negros e brancos) as trágicas histórias e narrativas do que tinha acontecido no Congo depois da «independência». Para sobreviver, muitos congoleses não tiveram outro remédio senão fugir para a nossa Angola, onde afinal o comunismo, apoiado pela cegueira ou cumplicidade do Ocidente, acabou também por arruinar aquele promissor e próspero território que teve com Portugal uma história comum de cinco séculos.
A República Democrática do Congo continua infelizmente a ser mesmo um «Congo». Os ataques terroristas sucedem-se, os campos de refugiados aumentam e acção do governo tem muito pouca eficácia, por causa corrupção, por falta de visão estratégica, de coordenação e organização, como aliás também acontece no combate ao terrorismo islâmico em Moçambique. Mesmo quando dispersados, os guerrilheiros acabam sempre por se reorganizar em novos grupos, mais violentos e mais requintados. «Cada novo ataque desgasta ainda mais a já debilitada coesão social e a confiança nas instituições», observa também María Martín.
O Congo foi mais uma vítima africana da «autodeterminação» e agora tem pela frente um desafio que muito provavelmente não conseguirá resolver nem com o estéril auxílio da comunidade internacional, nem com a reconhecida incompetência da ONU.
L. F. Ferrand d’Almeida
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