Certas coisas não são discutidas porque são óbvias. E porque não são discutidas, há uma tendência a esquecer as razões pelas quais essas coisas foram criadas.
Entre essas coisas que não são discutidas estão os juramentos feitos em público. Parece óbvio para todos que são feitos em situações solenes. Por exemplo, num casamento, o noivo e a noiva prometem publicamente e em voz alta que serão fiéis um ao outro, que cuidarão um do outro na doença e na saúde, etc.
Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar O mesmo é exigido de uma autoridade ao assumir o cargo. Historicamente, os reis juravam manter este ou aquele pacto quando eram coroados. Os presidentes juram defender a Constituição e as leis sob as quais foram eleitos. Esse juramento acaba por ser exigido a todos os funcionários públicos, independentemente da função que vão desempenhar, desde o presidente, passando pelos ministros, até aos funcionários menores.
Na Colômbia, que recebeu esta tradição da Espanha e, portanto, da Civilização Cristã, este juramento é até hoje uma condição indispensável para a posse. Tanto é verdade que o artigo 122 da Constituição Colombiana afirma claramente: “Nenhum servidor público assumirá o cargo sem prestar juramento de cumprir e defender a Constituição e de exercer as funções que lhe competem”.
Até agora está tudo claro. Mas... qual é a fórmula do juramento? Sempre se entendeu que o juramento deveria estar vinculado às crenças mais elevadas que professamos, neste caso as crenças da religião cristã. E sempre foram acrescentadas fórmulas que envolviam a honra ou a lealdade ao Rei e à Pátria. Com a Revolução Francesa, a menção ao Rei foi eliminada e, em contrapartida, foi colocada a fidelidade à Constituição e às leis. Como a partir de então se afirmou que a soberania reside no povo, que escolhe livremente o que quer, passaram a prometer ao povo que seria cumprido o que este pedia.
A menção à honra também foi eliminada porque dos altos funcionários públicos passaram a aceitar-se acções de desonra pessoal em lugar da defesa do interesse comum, como ocorre nos inúmeros casos em que eles assinam acordos que à partida sabem que não serão cumpridos pelo seu país.
Em suma, as fórmulas para prestar juramento acabaram por ser genericamente as mesmas, reduzidas ao essencial: “Juro por Deus e ao povo prometo isso ou aquilo…”.
Voltando à Colômbia, ao prestarem juramento, os funcionários públicos utilizam a fórmula: “Juro por Deus e pelo País cumprir e defender a Constituição e as leis e cumprir os deveres que o cargo me impõe”… Pelo menos era assim…
Mas agora, quando as pessoas não aceitam a realidade e se rebelam contra o que consideram uma imposição da natureza ou de Deus (leia-se a teoria do género), as crenças mais elevadas são substituídas por qualquer coisa, por mais absurda ou aberrante que seja. E assim chegamos ao juramento prestado por uma directora do Arquivo Geral da Nação na Colômbia diante da Ministra da Cultura, que era outra mulher.
Se não fosse filmado e pudesse ser visto na internet (1) pareceria uma cena de cabaré.
O ministro pergunta à nova empossada: “Jura por Deus, por todas as deusas do Olimpo, pela “mátria” e pela pátria, cumprir e defender a Constituição e as leis, e cumprir os deveres que o cargo lhe impõe?” Ao que ela responde: “Sim, juro, principalmente pela “mátria”, que está no fundo do meu coração”.
Em espanhol, como em português e em várias outras línguas, quando nos referimos a homens e mulheres geralmente usamos o género masculino. Quando dizemos “os polícias”, queremos dizer os agentes da Polícia de ambos os sexos. Quando dizemos “os professores”, queremos designar os homens e mulheres que ensinam. Mas as feministas odeiam o que nasce do bom senso. Para elas, isso é discriminação. Por isso criaram o neologismo, “mátria”, que se supõe ser o feminino de “pátria”. Não sei como se pode jurar por algo que talvez nem muitas feministas saibam o que é.
Mas neste galope de disparates não há limites, de modo que amanhã pode aparecer um amante do cinema futurista que jura “pelas forças estelares do cosmos” e talvez algum pescador que jura “pela livre circulação sem fronteiras entre os irmãos peixes”.
E as deusas do Olimpo? Não sou especialista em mitologia grega, mas o mínimo que se pode dizer sobre elas é que não são modelo para nenhuma mulher decente. A deusa Hera casou-se com o seu irmão, ou seja, era uma mulher incestuosa. Afrodite era adúltera. Ártemis, a deusa caçadora, assassinou o seu companheiro de caça, Órion. Perséfone, a deusa do submundo, teve um filho com o seu pai Zeus. Como disse o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira “se o Olimpo pagão existisse, vários carros de polícia teriam que ser enviados para lá imediatamente”…
Quando os cristãos juram pelo nosso Deus que farão ou obedecerão a alguma coisa, é porque o nosso Deus é para nós modelo de perfeição, de fazer as coisas correctamente. No fundo, pedimos a este Deus perfeito que nos ajude a cumprir perfeitamente o nosso dever. Por isso não faz sentido prometer nada em nome de bandidos, de seres imperfeitos ou mesmo de ilusões doutrinárias.
Mas não vamos ter muitas esperanças. Este facto é um primeiro passo no sentido de nos afastarmos da lógica, do que sempre foi considerado normal, do bom senso. E no final desse caminho só há um ponto de chegada: a loucura.
1. (https://www.youtube.com/shorts/jqahvANN0gk)