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A dança macabra da geopolítica

01 de Março de 2025

Valdis Grinsteins

Valdis Grinsteins

A dança macabra da geopolítica

Não há como negar: o Presidente Trump deixou várias vezes clara a sua antipatia para com a Europa pelo facto de esta não investir dinheiro suficiente na defesa enquanto, por outro lado, manifestou simpatia pela Rússia de Putin. Porém, a mudança dos Estados Unidos na direcção geopolítica foi tão radical que deixou muita gente atordoada.

Todos se perguntam como é possível que os americanos abandonem os seus aliados de longa data para cortejar os russos, como se não soubessem que Putin e companhia não fazem mais do que mentir e enganar.

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Os membros do governo americano que falaram nas várias reuniões de segurança europeia deram uma desculpa muito clara para isso: querem concentrar-se na China, o seu principal rival, e no problema da fronteira mexicana, precisando para isso que a Rússia se distancie dos seus aliados tradicionais como o Irão e a China e que a guerra na Ucrânia termine o mais rapidamente possível, independentemente da violação dos princípios da independência e da legítima defesa contra agressões injustas.

Curiosamente, os americanos “esqueceram-se” de mencionar a situação no Médio Oriente, onde a divisão interna em Israel pode levar a uma guerra gigantesca com os seus vizinhos, especialmente o Irão, querendo para isso reservar um grande arsenal bélico e garantir carta branca para defender Israel, sem ter que se preocupar com a ajuda russa ao Irão.

Abandonar aliados com quem partilham princípios, história, modo de ser e numerosos interesses para ganhar uma volátil simpatia russa, útil para poder ajudar Israel, leva-nos a perguntar quem realmente governa em Washington e até que ponto se dá alguma valor aos interesses do povo americano.

Pior ainda, a Rússia está interessada em dar-se bem com a China, por isso, mesmo que permaneça tranquila no caso de uma guerra no Médio Oriente, isso não significa que deixará de apoiar Pequim contra os seus inimigos.

Mas imaginemos que a Rússia esteja realmente tão interessada na aliança americana que até concorde em abandonar a aliança com Pequim. Nesse caso, quem perde é a Rússia, que não só perde um enorme mercado energético como também tem de defender uma fronteira gigantesca. E, claro, os chineses não vão ficar parados, pois vão procurar uma aliança com a Europa.

Teremos assim a dança macabra da geopolítica. Se antes havia ditaduras comunistas e islâmicas em oposição a um mundo teoricamente democrático, agora temos, em ambos os lados, uma mistura de “bons meninos e bandidos”. E como sempre nos mostra a História, quando esses dois antagónicos se juntam, são sempre os bandidos que saem a ganhar e com “legitimidade” para continuarem o seu trabalho criminoso.

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