O satanismo pagão sempre existiu na América do Sul, mas quanto mais a religião católica ia sendo aceite, mais ele era empurrado para as margens da sociedade. À excepção de alguns grupos de excêntricos membros das classes altas, este paganismo era levado a cabo pelas classes baixas, geralmente índios ou negros que tinham muito pouco contacto com os brancos. Mas com o advento do comunismo e com a agitação revolucionária no seio da Igreja, durante os anos 60, esta situação começou a mudar. Quanto menos cristã se tornava a sociedade, mais a influência do paganismo penetrava, atingindo as classes média e alta. Também a penetração do protestantismo ajudou este processo, não porque os protestantes não falassem de Satanás (pelo contrário!), mas porque criou uma enorme confusão religiosa. Por exemplo, muitos protestantes diziam que Satanás estava por detrás de qualquer problema (doença, falta de dinheiro, etc.) e que levou os «exorcismos» deles a tornarem-se manifestações folclóricas de rejeição ao «mal».
Contribua com qualquer valor para o site "Cristãos Atrevimentos" Quero Doar Na Europa, os comunistas eram ateus e faziam guerra a qualquer religião, considerando-a o «ópio do povo». Mas na América do Sul, os comunistas, mais pragmáticos, estavam ligados à macumba, à santeria, ao vudu e a outros tipos de satanismo. Em todos os países comunistas da América do Sul, os satanistas têm uma espécie de posição semi-oficial em relação ao culto religioso «favorito» dos membros do partido. É por isso que, já em 2013, se pode ler no diário oficial cubano Granma sobre um encontro «emotivo e caloroso» entre o primeiro vice-presidente (agora presidente) de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e a chamada comunidade espírita. O membro do Bureau Político do Partido Comunista Cubano agradeceu-lhes o apoio à Revolução e reconheceu que é essencial trabalhar com a espiritualidade, os sentimentos, as emoções e as ideias das pessoas. Veja o que o site Cuba Hoy disse sobre o encontro:
«Há alguns dias, o vice-presidente Miguel Díaz-Canel visitou o palácio do Paseo del Prado, onde a Associação Cultural Yoruba tem a sua sede. Num encontro com representantes dos Conselhos de Anciãos Babalaôs (os «sacerdotes» ou «bispos» deste satanismo), o número dois do governo disse-lhes: "Vocês foram muito fiéis à revolução”. Ninguém duvida disso. O vice-presidente não precisava de o dizer. Basta ver as cartas oficiais da Santeria, apaziguadora e em sintonia com as directrizes do Partido Comunista. A santeria é também uma arma da revolução. E um dos seus negócios. Os babalaôs oficiais, para além de rezarem aos orixás (espíritos) pela saúde dos dirigentes, com cânticos na sua língua e rufar de tambores, arrecadam muitos dólares e euros para os cofres do regime [porque trazem turistas].
Na Venezuela, com a chegada de Hugo Chávez ao poder, a santeria cubana adquiriu um estatuto semi-oficial. No Palácio de Miraflores em Caracas (Palácio Presidencial), existem dois altares aos «deuses» da santeria. Na academia militar há uma figura da santeria com direito a sentinela permanente e os oficiais do exército vão a Cuba para aprender os mistérios da santeria. Aí recebem um amuleto que devem ter sempre consigo, pois se o perderem morrem. Com a morte de Chávez e a ascensão de Maduro, a situação só piorou.
O mesmo está a acontecer na Nicarágua. Só que aqui, é a mulher do Presidente Ortega, Rosario Murillo, quem assume o papel de principal protagonista, à frente dos rituais. Houve muitas críticas quando se comemorou o aniversário da vitoriosa Revolução Sandinista com o desenho de um pentagrama em frente ao Palácio Presidencial. Foi até comentado na imprensa que, ao reprimirem as manifestações contra Ortega, mandaram matar um determinado número de crianças como sacrifício...
Na Colômbia, é sabido que os guerrilheiros comunistas têm ligações com feiticeiros, bruxos e outros satanistas. Por exemplo, a revista Semana, uma das mais importantes do país, publicou uma reportagem intitulada «As bruxas da guerra», com o seguinte subtítulo: «Não são raros os casos na Colômbia em que guerrilheiros ou soldados procuram a ajuda da magia negra contra o inimigo». O artigo prossegue contando como a polícia e o exército prenderam, em várias ocasiões, bruxos e feiticeiros cujos poderes ajudaram os guerrilheiros a fugir quando estavam cercados. Na imprensa colombiana é comum ler notícias deste género: «Virgilio Antonio Vidal Mora, vulgo 'Sílver', considerado o 'capo' das FARC, morreu na madrugada de domingo quando a Polícia e a Força Aérea chegaram ao acampamento da 57ª frente que comandava, na zona fronteiriça com o Panamá. Sílver era conhecido no grupo guerrilheiro pela sua obsessão com bruxaria, amuletos e banhos de poção que tomava à noite».
No México, o satanismo está cada vez mais ligado ao problema dos traficantes de droga. É comum lermos notícias como esta que foi publicada no jornal La Vanguardia, em Outubro de 2019: «42 crânios, 31 ossos, um feto e um altar foram encontrados numa casa na Cidade do México. As autoridades estão a investigar a origem de dezenas de restos de ossos humanos que foram encontrados durante uma operação policial numa casa na Cidade do México, identificada como centro de operações de um cartel da droga. […] O Ministério Público informa que foram encontrados 42 crânios banhados em sangue, quatro deles embutidos num altar, 42 maxilares, 31 ossos longos, um feto num frasco, facas e imagens religiosas. Estes restos mortais estão a ser investigados com a intervenção da Coordenação Geral dos Serviços Forenses. A Procuradoria-Geral da República do México indicou que o altar corresponde ao Palo Mayombe, uma variante da religião africana Yoruba, e que os narcotraficantes o utilizavam em rituais satânicos para dar sorte.»
Em suma, o satanismo, especialmente o satanismo violento, está a crescer na América Latina e, infelizmente, não se vê qualquer esforço por parte do clero da Igreja Católica para se opor abertamente a esta tendência.